terça-feira, 2 de julho de 2019

China culpa Washington pelo aumento da tensão


Pequim considerou hoje “deplorável” que o Irão ultrapasse o limite de urânio enriquecido acumulado previsto no acordo sobre o programa nuclear, de que a China é signatária, e culpou Washington pelo aumento das tensões.
Fotografia: DR
“A China considera deplorável o caminho seguido pelo Irão, mas ao mesmo tempo enfatizamos repetidamente que a pressão máxima exercida pelos Estados Unidos é a fonte das actuais tensões”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros.
“Pedimos a todas as partes que vejam a situação a partir de uma perspectiva global de longo prazo, para que se exerça moderação e cumpra-se o acordo, a fim de evitar uma escalada maior” acrescentou.
O chefe da diplomacia iraniana, Mohammad Javad Zarif, anunciou na segunda-feira que o seu país tinha “ultrapassado o limite dos 300 quilogramas” de urânio pouco enriquecido determinado pelo acordo, o que foi confirmado pela AIEA, a agência da ONU que verifica a aplicação por Teerão do pacto.
Em resposta à decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de retirar unilateralmente os EUA do acordo em Maio de 2018 e de restabelecer sanções contra o Irão, Teerão anunciou a 8 de Maio que não se sentia obrigado a continuar a respeitar dois dos seus compromissos no pacto, relativos aos limites das reservas de urânio pouco enriquecido (300 quilogramas) e de água pesada (130 toneladas).
A decisão coloca ainda mais pressão sobre a China e os países europeus, após a retirada unilateral dos Estados Unidos.
Os restantes signatários do acordo - Alemanha, China, França, Reino Unido e Rússia - mantêm o compromisso, mas até agora não têm sido capazes de ajudar o Irão a contornar as sanções norte-americanas, para beneficiar das vantagens económicas que o pacto prometia em troca de limitações e maior vigilância internacional do programa nuclear.
Macron exige recuo
O Presidente francês, Emmanuel Macron, apelou ao Irão para “reverter sem demora” a situação de ultrapassagem do limite das suas reservas de urânio pouco enriquecido fixado pelo acordo de 2015 sobre o programa nuclear.
Macron disse ter “sabido com preocupação” do anúncio feito na segunda-feira pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e “pede ao Irão para reverter sem demora” a situação, assim como que “se abstenha de qualquer outra medida que ponha em causa os seus compromissos nucleares”, indica um comunicado da Presidência.
Assinalando o seu “compromisso com o cumprimento integral dos termos do acordo nuclear de 2015”, Macron sublinha que “continuará nos próximos dias com as acções para garantir que o Irão cumpra integralmente as suas obrigações e continue a beneficiar das vantagens económicas do acordo”, adianta o Eliseu.
O Irão “brinca com o fogo”, reagiu Trump ao anúncio feito agora pela República Islâmica, num contexto de grande tensão com Washington

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